George Ohsawa, o criador da dieta, garantiu curar uma doença séria através da dieta macrobiótica, baseada na filosofia chinesa Yin e Yang. A dieta tem como princípios um estilo de vida em harmonia com a natureza e uma alimentação simples, equilibrada e balanceada.
Sendo assim, a dieta associa a comida e a suas propriedades com efeitos maiores nas nossas vidas do que pensamos, atingindo não apenas nossa saúde física, mas também no nosso bem-estar mental.
A dieta está relacionada à alimentos naturais, com pouco ou nenhum processamento. A comida é comparada com as características da filosofia chinesa, o Yin e Yang, representando sempre os opostos. O Yin o doce, frio e passivo e o Yang é o salgado, quente e agressivo. Na dieta macrobiótica, o Yin e o Yang devem estar sempre em equilíbrio para uma vida saudável.
Lembrando que esta dieta pode levar a perda de peso, no entanto, requer mudanças profundas, relacionadas aos hábitos alimentares, por isso, adotar a dieta macrobiótica exige grande dedicação e compromisso para um estilo de vida.
Nessa dieta a preferência é por comidas cultivadas localmente, plantadas e preparadas da maneira tradicional. Veja abaixo os alimentos permitidos e proibidos da dieta:
Alimentos permitidos:
Grãos, vegetais, feijões, soja fermentada, sopa, peixes, nozes, sementes e frutas
Alimentos proibidos
Carne, alimentos lácteos, açúcar, café, chá cafeinado, bebida estimulante, álcool, chocolate, farinha refinada, pimentas muito picantes, produtos químicos e conservantes, aves e batatas.
Grãos, vegetais, cereais, peixes, oleaginosas, sementes e frutas integram o cardápio da dieta macrobiótica
Alimentos macrobióticos têm como promessa mudar a alimentação diária e o estilo de vida de uma pessoa. A palavra macrobiótica, de origem grega, significa: macro (grande) e bio (vida). Ela é vista não apenas como uma mudança no cardápio alimentício, mas como uma filosofia. Criada pelo japonês George Ohsawa, no final do século XIX, essa prática alimentar acabou difundida no Ocidente. A dieta é baseada na teoria das energias yin (negativa) e yang (positiva), que representam opostos: o yin é o doce, o frio e o passivo; o yang, o salgado, o quente e o agressivo.
O yin e o yang devem estar sempre em equilíbrio para uma vida sadia, em harmonia com a natureza, por meio de uma alimentação simples, equilibrada e balanceada. Os mantimentos devem ser naturais, com pouco ou nenhum tipo de processamento. “A dieta requer mudanças profundas, relacionadas aos hábitos alimentares”, explica a nutricionista esportiva e funcional Marina Gorga. Para culturas como a chinesa, a japonesa e de outros países do leste asiático, yin e yang atuam como forças fundamentais do universo. Com o tempo, foram adaptados para uso na medicina. Na acupuntura e alimentação praticadas pela medicina tradicional chinesa, a energia, ou qi, é composta por yin e yang. Para essas culturas, é imprescindível que essas duas forças fiquem sempre em equilíbrio. Só assim é possível ter uma boa saúde.
A professora de educação física Mariana Braz, de 27 anos, do Rio de Janeiro, começou a dieta este ano. “Não é fácil se desvencilhar de alimentos industrializados. A parte mais difícil é adequar ao dia a dia corrido o preparo dos alimentos. Mas os benefícios compensam. Me sinto muito mais disposta, fico menos gripada. Antes, era mais sonolenta durante o dia. Senti muita falta do pão de forma, mas já estou testando receitas de pães integrais feitos em casa”, comenta.
Mariana conta que inseriu na alimentação vegetais orgânicos, ovos caipira, cogumelos frescos e suco verde (com couve, maçã, limão e capim limão), além de substituir o leite normal pelo de amêndoas e de inhame – tudo sem agrotóxicos. Outra vantagem da alimentação é o consumo elevado de fibras, que contribui para o bom funcionamento do intestino.
A nutricionista Andréa Santa Rosa Garcia, membro do Centro Brasileiro de Nutrição Funcional, explica que oestilo de vida macrobiótico “dá ênfase à atividade física, ao evitar a exposição a pesticidas, químicos e radiação eletromagnética, com o objetivo de reduzir os níveis de estresse”. Ela ainda complementa: “essa é uma dieta que prioriza os alimentos na sua forma natural, livre de farinhas brancas e industrializados, ricos em gordura hidrogenada, trans, sódio e conservantes”.
As comidas devem ser cultivadas localmente, plantadas e preparadas de maneira tradicional. Tudo isso pode pedir muito tempo, dedicação e disciplina. Grãos, vegetais, feijões, cereais integrais, soja fermentada, sopa, peixes, nozes, legumes, leguminosas, verduras, sementes e frutas fazem parte do grupo de alimentos permitidos.
Essa alimentação evita as carnes vermelhas, alimentos lácteos, refrigerantes, açúcar, café, chá cafeinado, bebidas estimulantes, álcool, chocolate, farinha refinada, condimentos picantes, aromáticos, artificiais, produtos químicos, conservantes, alimentos processados, congelados ou enlatados.
A divisão do que devemos ou não comer produz alguns desafios. “A dieta para se tornar equilibrada deve ser acompanhada por um profissional da área. Os alimentos de origem animal, por exemplo, possuem aminoácidos essenciais que precisam ser ingeridos”, afirma Andréa. Portanto, a dieta macrobiótica deve ser cuidadosamente feita por um nutricionista. Se não for feita dessa forma, o risco é o de adotar uma alimentação que irá produzir complicações nutricionais. Outro problema é que o elevado consumo de carboidratos e cereais, por exemplo, pode não ajudar no processo de emagrecimento, “além da alimentação possuir um baixo consumo de proteínas”, explica Marina.
Consumir alimentos do tipo yin e yang pode influenciar nas características pessoais de cada indivíduo. Pessoas que possuem uma alimentação extremamente yang podem adquirir um caráter agressivo, impaciente e dominador. As que possuem uma alimentação extremamente yin, por sua vez, podem se tornar depressivas, dependentes e com comportamento relaxado.
Por isso, a dieta busca principalmente equilibrar o yin e o yang. Em razão desse objetivo, muitas vezes, esse tipo de alimentação acaba não considerando, primordialmente, a distribuição de macronutrientes, micronutrientes e calorias, mas sim, ressaltando pontos da personalidade de uma pessoa, tornando-a mais calma e/ou divertida.
Elisa da Gloria Antonio, de 57 anos, mora em São Paulo e trabalha no comércio de recicláveis. Ela conta que após iniciar a dieta, sua “síndrome do pânico caiu para um nível bem baixo”, em função das propriedades calmantes dos alimentos, assim como a filosofia implícita na alimentação. “Porém, de vez em quando, ainda tenho vontade de comer um x-salada”, brinca.
Pelo menos 50% dos alimentos de cada refeição pode incluir cereais integrais biológicos, em grão e cozidos. Esse é o caso de alimentos como arroz integral, cevada, aveia, milho, centeio e trigo. “Uma pequena parte poderá consistir em massas e pães integrais não fermentados”, explica Garcia.
Aproximadamente, 5 a 10% da ingestão diária deve corresponder a sopas preparadas com vegetais, algas (wakamé ou kombu), grãos ou leguminosas. Os temperos recomendados são: missô ou tamari, naturalmente processados.
Hortaliças cultivadas localmente e produzidas biologicamente para saladas cruas, leguminosas e algas marinhas cozidas, entre elas, o feijão azuki, o grão-de-bico e a lentilha. Os peixes indicados são os de carne branca, como linguado, solha, bacalhau, carpa, halibute ou truta.
Frutas frescas, secas e cozidas podem ser consumidas de duas a três vezes por semana. Sementes e oleaginosas, ligeiramente torradas, de abóbora, gergelim e girassol, amendoins e nozes podem fazer parte de um pequeno lanche da tarde. O xarope de arroz, o malte de cevada, o amazake e o mirin (tipos de saquê doces) podem ser utilizados como adoçantes. “Para um gosto mais amargo, utilize vinagre de arroz integral ou de umeboshi. Qualquer chá tradicional não aromático e não estimulante pode ser tomado”, comenta Garcia.
São recomendados condimentos como gomásio (sementes de gergelim com sal), picles, chucrute, pó de algas marinhas, gergelim, tekka(condimento produzido a partir de diferentes raízes), molho de soja tamari ou shoyu e ameixas umeboshi(picles de ameixa).
Na culinária macrobiótica, o arroz é cozido na panela de pressão para intensificar o sabor e preservar as vitaminas. Veja abaixo algumas dicas de receitas:
Ingredientes
2 xícaras de arroz integral cateto (grão curto, mais redondinho)
3 xícaras de água
1 pitada de sal marinho.
Modo de preparo
Deixe o arroz de molho na água durante a noite. Adicione-o à panela de pressão, com uma pitada de sal, água e cozinhe em fogo baixo, por 20 minutos. Posicione uma placa difusora de calor (à venda em casas de utensílio para cozinha) embaixo da panela. Aumente o fogo até levantar pressão. Cozinhe por mais 15 minutos, em fogo médio. Desligue e deixe a pressão sair naturalmente.
Bebida habitual na alimentação macrobiótica, o chá não contém cafeína nem teína. “É ótimo depois das refeições para fortalecer e desintoxicar o organismo, diminuindo a fadiga (sobretudo se for colocada uma colher de chá de tamari ou de shoyu)”, comenta Gorga. O banchá deve ser previamente tostado. Para o seu preparo, use 1 colher de chá tostado para uma chávena de água fervida e deixe em fogo brando por 10 minutos.
Ingredientes
2 xícaras de cevada cozida
cebola, cenoura e brócolis
molho shoyu;
azeite para untar o tacho.
Modo de preparo
Cozinhe previamente a cevada somente com sal. Corte a cebola e coloque para dourar. Em seguida, adicione a cenoura e o brócolis cortados em pequenos pedaços. Feche o tacho e deixe-o em uma temperatura baixa durante cerca de 10 minutos. Adicione a cevada.